Segurança alimentar

De 1960 a 2020, a pauta de exportação do agronegócio alcançou mais de 350 itens. Em 2020, as exportações do agronegócio foram da ordem de US$ 100,7 bilhões, alta de 3,98% em relação aos US$ 96,8 bilhões obtidos em 2019. Basicamente, o Brasil tornou-se um exportador de commodities, onde grande parte dessas exportações não se reflete na alimentação do brasileiro. O que se observou foi o aumento da fome no país, que se reflete principalmente nos itens da cesta básica. O que se observa é que o consumo médio diminuiu. Esses números mostram necessidades de estratégias de produção para garantir a segurança alimentar no país.

A estimativa feita com os modelos de produtividade indica para todos os biomas que haverá redução de produtividade para todas as culturas. A produtividade do milho apresenta redução de mais de 30% na próxima década. De acordo com os resultados simulados, haverá forte redução da produtividade nos próximos dez anos, o que poderá ser amenizado no período 2031-2040. Nessa etapa específica desta pesquisa, não apresentamos os dados tabulados para o período 2041-2050. Para efeito de metodologia, nas próximas etapas, os resultados dos modelos CMIP5 serão comparados com os modelos CMIP6. Em todos os casos, o cenário escolhido foi o RCP 8.5. Em termos de abastecimento de alimentos, se os sistemas de produção não forem alterados, para sistemas de produção agrícola sustentáveis, o abastecimento de alimentos pode ter uma redução significativa no que diz respeito ao milho (redução de 39%), arroz (28% no Cerrado e 17% na Mata Atlântica – na área de maior produção, a região sul não sofrerá alteração, pois o arroz é irrigado) e feijão (38% no Cerrado e 17% na Mata Atlântica). No caso específico da Caatinga, não foram consideradas as projeções para a soja, pois os municípios produtores de soja naquele bioma representam 1,2% do total, o que não é significativo.

A abordagem adotada até agora é oferecer comida. Trata-se de apresentar possíveis riscos, como já foi feito no passado. Em 2007, após analisar os cenários de mudanças climáticas para 2020, eram esperadas perdas de mais de R$ 5 bilhões devido a eventos extremos. Na safra 2019/2020 o valor perdido foi de R$ 15 bilhões. Todas as perdas podem ser reduzidas ou minimizadas com a adoção de sistemas integrados de produção agrícola.